Vamos imaginar a seguinte cena.
O motociclista chega numa oficina e inicia um diálogo com o mecânico:
- Meu! Todo dia quando ligo minha moto de manhã o motor faz um tetec-tetec-tetec-tetec... muito esquisito...
Aí o mecânico coça o queixo, olha pra moto, dá a partida, cola o ouvido no motor e diz:
- Olha, tá me parecendo mais um totoc-totoc-totoc!
- Não, meu! Esse totoc-totoc-totoc é a rebimboca da prafuseta. Eu to me referindo a um tetec-tetec-tetec que só faz quando o motor tá frio!
E aí é tetec, totoc, tetec, totoc... feito escola de samba com o enredo atravessado na avenida...
Pensem só no mico que a gente paga quando corre pra oficina e um determinado barulho não se repete na frente do mecânico.
A verdade é que tem certos barulhos que um motociclista mais inexperiente não sabe interpretar. Por exemplo. Aquele tetec-tetec, que não é a rebimboca da prafuseta, e que a gente ouve quando liga a moto pela primeira vez no dia, vem do comando de válvulas que fica no cabeçote.
Enquanto o óleo não atinge as partes altas do motor, o comando de válvulas vai fazer barulho como se fosse uma máquina de costura. Na maioria das vezes, esse barulho desaparece depois de alguns segundos. O que acontece é que o óleo, além de lubrificante, também funciona como um redutor de ruídos. Como o comando de válvulas tem muitas peças articuladas, o funcionamento é barulhento mesmo. Em situação normal, o som desaparece quando o comando de válvulas está devidamente lubrificado.
Anormal é um motor continuar barulhento, mesmo depois de aquecido e com a quantidade correta de óleo. Nesse caso, qualquer ruído diferente pode ser o primeiro sintoma de que alguma treta está acontecendo. Nas motos mais modernas, a principal fonte de barulho é a corrente do comando de válvulas. A famosa “correntinha”. Em alguns motores é necessário um aperto no parafuso do tensor da correntinha para ajustar a folga. Quando o motociclista desleixa na manutenção preventiva, ou seja, não revisou quando devia, isso pode acontecer.
O negócio então é levar a magrela pro mecânico, ajustar a folga que o ruído desaparece.
Acontece que em motos mais rodadas, a correntinha fica gasta e não é possível fazer uma regulagem precisa. Nesse caso vai ser necessário trocar a peça e isso não costuma custar muito caro. Só que tem uma turma que adora fazer uma gambiarra para economizar.
Se a correntinha quebrar com o motor funcionando, aí o prejuízo vai ser grande. O pistão pode bater nas válvulas e danificar o comando. Por isso, prezado ouvinte, fique atento com a manutenção preventiva.
Faça sempre as revisões recomendadas pela fábrica, com um mecânico sério e de confiança. Pode até parece rasgação de nota de cincoenta mas, como o vovô dizia, é melhor prevenir do que remediar. E outra coisa. Não queira dar uma de “malandro ixperto”, querendo usar peças de procedência duvidosa. Daquelas bem baratinhas e que costumam vir sem nota fiscal.
Elas podem ter custado a vida de outro motociclista que sofreu um assalto.
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