Em uma motocicleta, o motor serve para transformar a energia química contida no combustível em energia mecânica que vai servir para movimentar a moto em si. É que, quando a gasolina, por exemplo, é queimada no interior do cilindro, essa queima provoca uma expansão de gases que empurram o pistão para baixo. Em seguida o pistão sobe para, novamente, acontecer nova queima, e assim por diante sucessivamente. Esse movimento de vai e vem é transformado em movimento circular por uma peça do motor chamada de virabrequim.
Para que a moto possa andar de fato é necessário transmitir esse movimento circular do virabrequim para a roda traseira e é ai que entra em cena o sistema de transmissão.
O sistema de transmissão a grosso modo é composto por três partes. O jogo de engrenagens, a embreagem e o sistema de acionamento.
Quando a moto está parada e com o motor funcionando, o virabrequim vai estar girando o tempo todo. Como eu falei antes, para a moto andar, é preciso fazer com que esse movimento do virabrequim seja transmitido para a roda traseira. Ora, um motor de motocicleta, em marcha lenta, normalmente vai registrar entre 1000 e 1500 RPM no conta giros. Isso quer dizer que o virabrequim está girando em seu eixo de 1000 a 1500 vezes por minuto. Se esse giro for transmitido para a roda de repente e de uma só vez, o motor pode ser danificado.
Sendo assim, a transmissão do movimento do virabrequim deve ser feita de modo suave e progressivo. É nesse momento que entra em ação a embreagem. Numa motocicleta a embreagem nada mais é do que um conjunto de discos que conectam, por fricção, o eixo do virabrequim ao jogo de engrenagens da transmissão.
Quando o motociclista aperta a manete da embreagem, os discos se desacoplam do motor e ai é possível engrenar as marchas da moto. Quando o piloto solta a manete da embreagem, já com alguma marcha engatada, ele deve fazer isso de forma lenta e gradual de maneira que os discos da embreagem voltem a se acoplar de forma suave. Isso, por sua vez, faz com que o jogo de engrenagens comece a funcionar.
É recomendável sempre ligar a moto apertando a embreagem para maior durabilidade da embreagem.
O jogo de engrenagens da transmissão é um conjunto de engrenagens que possuem tamanhos diferentes e que ajustam a velocidade do movimento do virabrequim que é transmitido para a roda traseira. As engrenagens são montadas no que comumente se conhece como caixa de marchas. Essas engrenagens funcionam de forma escalonada e de modo que a moto possa ser acelerada ou reduzida de forma progressiva. Isso faz com que a moto vá de parada a uma velocidade de cruzeiro.
As transmissões nas motos normalmente têm de quatro a seis marchas, embora lagumas motos pequenas possam ter uma, duas ou três marchas.
As marchas são engatadas deslocando-se uma alavanca, normalmente instalada junto a pedaleira esquerda da motocicleta e que move os garfos de mudança dentro da caixa de marchas.
A troca das marchas corresponde a troca de engrenagens dentro da caixa de marchas proporcionando uma velocidade maior dentro de um regime de rotações mais baixas do motor.
Finalmente, na ponta da transmissão, temos a parte de acionamento da transmissão que está diretamente conectado a roda traseira da moto, também conhecida como transmissão secundária.
De certo modo, essa é a parte mais simples de todo o sistema de transmissão.
Atualmente existem três tipos diferentes de transmissão secundária.
Por corrente, por correia e por eixo cardã.
O sistema de corrente envolve o uso de uma engrenagem menor chamada de pinhão que está diretamente ligada as engrenagens da caixa de marchas. Ao pinhão prende-se uma corrente feita de elos de aço que, por sua vez, prende-se a outra engrenagem fixada na roda traseira chamada de coroa. Esse tipo de transmissão secundária é a mais comum e também a de manutenção mais trabalhosa, pois carece de limpeza e lubrificação periódica.
O sistema por correia é muito parecido com o sistema de corrente. A diferença é que, no lugar da corrente convencional, é instalada uma correia dentada feita de um material muito resistente. A vantagem é que esse sistema é mais silencioso e não necessita de lubrificação periódica.
Finalmente temos o eixo cardã que nada mais é do que um tipo eixo que conecta a caixa de marchas à roda traseira através de cruzetas. É o sistema que oferece menos manutenção, porem é caro e, por ser mais pesado que os outros dois sistemas, pode provocar alguma instabilidade na condução da moto. É muito utilizado em motos de alta cilindrada.
Quais são os cuidados que se deve ter com o sistema de transmissão.
Em primeiro lugar, está a troca do óleo do motor. O óleo que lubrifica o motor da moto, na grande maioria dos modelos, também lubrifica as engrenagens da caixa de marchas e os discos da embreagem. Sendo assim, o óleo utilizado em motocicletas é muito diferente dos que são utilizados em carros. Por isso é que não se deve usar óleo de carro em motor de moto. A não ser em uma emergência.
Usar óleo sintético em moto só com recomendação do fabricante.
Outro cuidado diz respeito à folga da manete de embreagem. A regulagem da folga geralmente é feita na própria manete. Se essa regulagem for feita de maneira incorreta pode acontecer um desgaste prematuro da embreagem.
Outro cuidado é com a transmissão secundária.
Para a turma da corrente, a limpeza e a lubrificação tem de ser periódicas, principalmente se o piloto fora andar muito na terra. A sujeira vai pode meio que “esperilhar” os elos da corrente ocasionando um desgaste prematuro. Nesse quesito tem gente que gosta de usar graxa branca ou óleo 90. Existe ainda a alternativa de lubrificantes especiais em latas de spray.
É meio batido o que eu vou falar, mas, na dúvida, o melhor é sempre seguir a orientação do fabricante da moto.
Outro cuidado com a corrente é que a folga dela deve ajustada periodicamente. Isso é feito no eixo da roda traseira. Se você não souber fazer, ou não tiver as ferramentas adequadas, faça o ajuste em uma oficina especializada. Geralmente as oficinas lubrificam e ajustam a corrente de graça, mas uma gorjetinha pro mecânico nunca é demais.
Já para o eixo cardã, o único cuidado é controlar o nível de óleo do acoplamento da roda e se tem limalha nele. Isso é feito com o uso de uma tampa que tenha um imã que fica em contato com o óleo do cardã.
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